sábado, 3 de abril de 2010

Reflexões muito pouco reflectidas


É quase pecado não sentir, é quase pecado negar a verdade da mentira que é viver… é certo gostar, é pecado amar!

Não vemos o tempo passar, lamentamos as palavras que não dissemos, choramos os que morrem, não celebramos os que vivem, não temos medo do que conhecemos, que é a única coisa de facto real, mas tememos com toda a força aquilo que nos é desconhecido, sendo que o desconhecido não existe, senao ainda na mente de quem escolhe teme-lo…

Temo-me hoje a mim, porque me assumo como uma estranha, temo os meus actos, as minhas palavras pouco sentidas e a utopia dos meus escassos sonhos… porém não temo alucinar, não temo o devaneio nem tao pouco o evadir-me da realidade dos meus dias, prefiro não viver neste real que me cansa de tédio e de apatia, prefiro não olhar este meu mundo vazio de muito mais do que as palavras poderiam de facto conter…

É o mundo que gira em volta de uma esfera quase cúbica, é a nossa razão que se entrelaça com a razao daqueles que não pensam, é o afecto que temos… e o que não temos… é o sol que nos queima a face e as lágrimas que nos ruborizam o olhar, é o sentir o eterno “contentamento descontente” dos poetas e a “dor de pensar” do comum dos homens… é tudo isto que traduz a nossa humanidade… a nossa fraqueza… e a nossa fraqueza eleva-nos à expressão maior de força que é a capacidade de amar…a capacidade de pecar… de falhar à perfeita estrutura do automato que deveriamos ser, e deixar aberto uma brecha que nos torna Deuses de nós proprios. A existência de uma entidade superior apenas faz sentido se assumirmos que somos entidades inferiores, se amo, sou automaticamente superior por ser capaz de amar, por ter sido capaz de abandonar o meu amor-próprio e redireccioná-lo a outro ser que não eu, que não Deus, e, sou superior, acima de mim nada há além do meu sentimento… sou supra Deus, sou aquilo que me quiser chamar, sou entidade máxima do meu ser… erradica-se o pecado da nossa vida, a partir do momento em que erradicamos o Deus tirano que a nossa falsa moral cristã criou, Deus não mais é do que nós mesmos, senhores do nosso destino, dos nossos caminhos, nos nossos planos… eu creio, eu sou, eu faço… Acreditem naquilo que o homem não criou e, que ainda assim vive, porque isso é por certo a única coisa que merece crédito, alem de nós mesmos, aliás acima de nós mesmos… acima da humanidade, do espirito, do raciocinio, da inteligencia e da lógica apenas está a natureza e a sua força… o vento, as montanhas, as plantas, a chuva, o sol, os oceanos… desenganem-se, não existe ser tão completo e perfeito capaz de por si só, planear e estruturar tão magestral planeta como o nosso… o meu Deus sou eu e o ar que respiro… todos os outros merecem o meu respeito que não mais seja pelo poder imaginário da sua criação…

3 comentários:

  1. mais uma vez as tuas palavras tão próprias enchem mais uma magnífica página deste teu cantinho... Sim, a sociedade está podre, está porca, e esconde todos os seus males com um véu de cristianismo esperando cada um nada mais do que ir para o céu, lembrando-se apenas das alturas festivas em que foram devotos ao seu deus (o Deus comum), deixando de lado toda uma panóplia de acontecimentos em que atropelaram o outro só e unicamente por satisfação própria, mas enfim, este é a sociedade hipócrita em que vivemos...

    P.S: "porque um cristão NÃO TEME!!!" LOLOL

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  2. Penso que esta poderia ser considerada a recensão crítica perfeita a Caeiro "Há Metafísica bastante em não pensar em nada."... É de salientar a falta de tempo, melhor dizendo, a desculpa dele, para justificar toda a faceta sem escrúpulos que o ser humano é capaz de seguir tão fielmente sem pensar nisso, só porque aceitam (tentando acreditar sem sequer reflectir muito) que a sociedade é assim e não há nada a fazer, e que portanto, pensar pela nossa própria cabecinha é inútil e uma total perda de tempo, pois afinal o que interessa no fundo é ser considerado normal o quanto baste. E é desta forma que o comum dos mortais pensa; - é assim e acabou, somos uns coitadinhos que caímos neste mundo, e mesmo fazendo parte de um mundo pérfido a culpa não é nossa, pois não pedimos pra nascer, e desta forma temos que nos contentar com esta vidinha...porque o paraíso há de chegar quando passarmos para o outro lado - e Deus no fim de contas não vê nada, e se por acaso vê, perdoa tudo!
    Infelizmente esta é a elaborada "filosofia de vida" do comum dos mortais, que para além da obesidade física está a avançar para uma obesidade intelectual, por falta de exercício da mesma.

    P.S: ...e não nos deixais cair em tentação, mas livrai-nos do MALAMÉN! xD

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  3. Sou entidade máxima do meu ser... Gostei... Muito...

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